Adiantando-se ao calendário oficial de implantação do E10 na China, a maior petrolífera privada do país começou a fazer compras de etanol, e duas outras requisitaram autorização para adotar a mistura. A informação foi confirmada à Reuters por diversas fontes.
Em setembro, o governo chinês determinou que toda gasolina vendida no país a partir de 2020 contenha 10% de etanol. A movimentação das refinarias privadas é o primeiro sinal de preparativos visando ao cumprimento da nova regra no maior mercado automotivo do planeta.
A Dongming Petroquímica, maior petrolífera independente do país, radicada em Heze, província de Shandong, já recebeu as autorizações do Ministério do Comércio para dar início à mistura, segundo três fontes da empresa.
Por sua vez, o Grupo Petroquímico Shandong Wonfull, com sede em Zibo, na mesma província, solicitou autorização do ministério para fazer a adição de etanol, com planos de vender a mistura em postos de gasolina ou no atacado, segundo duas fontes da empresa.
Outra que solicitou autorização para mistura foi a Henan Fengli Petroquímica, radicada em Puyan, província de Henan, confirmou uma fonte interna.
Não há informações quanto ao prazo para essas autorizações serem emitidas.
A Dongming Petroquímica planeja importar etanol por meio de seu braço comercial, a Pacific Commerce, tanto para abastecer sua refinaria como para vender no mercado, diz uma das fontes escutadas.
A empresa também cogita construir uma usina de etanol própria.
Enquanto isso, a Wonfull já instalou equipamentos para realizar a mistura em sua refinaria, segundo as duas fontes ouvidas, que pediram anonimato por não estarem autorizadas a falar com a imprensa. Elas não revelaram maiores detalhes do plano.
“Se o governo fizer valer as regras em todo o país, (os postos de combustível) terão de fornecer a mistura”, disse uma das fontes da Wonfull.
A empresa assinou um pré-contrato para compra de etanol importado da subsidiária comercial da CNPC (Corporação Nacional de Petróleo da China), a estatal chinesa de petróleo, acrescentou.
Uma quarta refinaria independente, a Shandong Haike, está fazendo sondagens sobre o mercado de E10. Se concluir que o mercado é promissor, também irá solicitar a autorização, segundo uma fonte.
Não foi possível contatar a Henan Fengli, a Shandong Wonfull e a Haike para comentários oficiais. O ministro do comércio e a CNPC não responderam às solicitações da reportagem. A Dongming não estava disponível no momento para declarações.
O recurso ao etanol importado pode encarecer o ingresso das refinarias privadas no mercado de E10, já que em 2017 o governo aumentou para 30% a tarifa de importação sobre o produto.
Embora seja a terceira maior fabricante de etanol do mundo, com cerca de 2,1 milhões de toneladas por ano, a China fica bem atrás dos líderes na produção da commodity, Brasil e Estados Unidos.
A meta do governo é dobrar a produção para 4 milhões de toneladas até 2020.
Algumas refinarias privadas consultaram a Cofco Agri, estatal de processamento e comercialização de produtos agrícolas e maior fabricante de etanol do país, quanto à possibilidade de compra de etanol.
“As refinarias particulares são um enorme mercado para nós”, afirmou uma fonte da estatal. “Nosso intento é aumentar a produção nas províncias do norte para atender a essa demanda.”
A Cofco não atendeu às solicitações da reportagem para comentar oficialmente sobre o tema.
Fonte: Reuters/CanaOnline.com.br