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13/11/2017 14:12:00 - Atualizado em 13/11/2017 14:27:00 -

Cana e pecuária são setores que mais sentem efeito da queda na rentabilidade

Cana-de-açúcar e pecuária são os setores da agropecuária que mais estão sentindo a elevação de custos de produção e a falta de rentabilidade, de acordo com o estudo Campo Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A entidade cobra mais políticas públicas para o setor, mas pesquisadores afirmam que problemas de gestão na propriedade também influenciam negativamente a renda do produtor.

Na cana, os produtores se ressentem da estabilização de um preço mínimo. Na última safra, os valores recebidos pelo produto giraram em torno de R$ 0,68 o quilo, 25% a menos que no ano anterior, de acordo com o vice-presidente da CNA, Mario Borba.

“Tínhamos uma média de R$ 100 por tonelada, hoje está em torno de R$ 75 a tonelada”, diz.


Fornecedores independentes seriam os que mais enfrentam dificuldades. Eles são responsáveis por 30% da cana que chega às usinas brasileiras, mas, com custos entre R$ 300 e R$ 500 por hectare, os produtores se queixam de que mal sobra para sobreviver na atividade.


O pesquisador João Rosa afirma que, ao longo dos últimos dez anos, o produtor conseguiu cobrir o custo operacional. “Mas com relação ao custo de oportunidade, quando eu coloco o valor da terra, ele praticamente só conseguiu ser remunerado em uma ou duas safras”, diz.

Segundo Rosa, o agricultor sabe muito bem como produzir, mas gerencia mal a atividade.

O cenário da pecuária de corte neste ano foi atípico, o que está relacionado a fatores externos, como a operação Carne Fraca. No leite, a rentabilidade não acompanha os custos, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP).

No gado de corte, as variações de preço foram impactantes. O preço do bezerro chegou neste ano a R$ 1.085, enquanto em 2015 o valor era de R$ 1.586. A arroba do boi gordo despencou R$ 38 reais nos últimos dois anos, passando de R$ 166 para R$ 128.


Pesquisador do Cepea, Sérgio de Zen afirma que a pecuária já havia sido prejudicada na safra 2013/2014, com efeitos que perduraram por três anos, terminando em 2016.

“Como foi um período de preços mais elevados, tivemos um aumento de investimentos do produtor, consequentemente, nós temos uma oferta maior”, diz.

Em relação ao leite, uma série de fatores explicam a queda nos lucros. A importação de leite em pó do Uruguai é uma delas, mas, segundo o estudo da CNA, os gastos com mão de obra também influenciam.


Para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite do Ministério da Agricultura, Rodrigo Alvim, a falta de políticas públicas que tragam estabilidade ao mercado propiciam esses altos e baixos.

“O que é muito ruim para todo mundo. É ruim para a sociedade brasileira, é ruim para a indústria e é péssimo para os produtores”, assegura.

 







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