A utilização do biocombustível sucroenergético em mais de 70% da frota nacional de veículos de passeio consolidou o Brasil como plataforma de inédita inovação na história da indústria automobilística.
Em 2016, a Nissan anunciou testes com um veículo elétrico movido a célula de combustível alimentada por etanol.
Em outubro deste ano, outra marca líder, a Toyota, anunciou que pretende fabricar um modelo híbrido que utilizará eletricidade gerada por motor à combustão abastecido com o biocombustível de cana.
O consultor de Emissões e Tecnologias da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, destaca que os dois projetos traduzem o papel relevante do combustível renovável em um dos maiores mercados para a indústria automobilística mundial.
“Diante da tendência de eletrificação dos automóveis, a infraestrutura de produção e abastecimento de etanol no País prova que está em consonância com o objetivo geral das montadoras, que é fabricar automóveis com maior eficiência energética e menor emissão de gases de efeito estufa”, avalia o especialista.
Alfred explica como o etanol, utilizado em um sistema de célula de combustível ou como combustível em um carro híbrido, pode ajudar a resolver problemas-chaves que ainda limitam a expansão comercial dos automóveis elétricos.
“Trata-se de uma tecnologia que ainda esbarra em altos custos de produção e na falta de uma rede de postos de recarga para baterias que ainda não apresentam resultados competitivos com motores à combustão. Com a possibilidade do etanol, uma fonte vegetal produzida em larga escala e que reduz em até 90% as emissões de CO2 em comparação com a gasolina, Nissan e Toyota percorrerão um caminho mais sustentável até a maturidade da eletrificação”, observa o consultor da UNICA.
Segundo o diretor de relações institucionais da Toyota, Ricardo Bastos, os primeiros testes com o novo híbrido a etanol deverão ocorrer, (ainda sem data definida), em protótipo do Prius, modelo híbrido a gasolina, já comercializado no Brasil.
A concorrente Nissan quer lançar até 2020 um sistema de Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC, em inglês) que utiliza a reação do oxigênio com o biocombustível (anidro ou com 55% de água) para gerar eletricidade nos veículos.
A inovação, testada com sucesso durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, promete aumentar para 600 quilômetros a autonomia de carros elétricos.