Com o objetivo de analisar a eficiência da cana-de-açúcar no Brasil e determinar o grau de crescimento da produção canavieira sem dispor de mais terras, um estudo da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP (Universidade de São Paulo) publicado na revista BioScience, da Universidade de Oxford, traça cenários para a produção de cana considerando a demanda projetada para 2024.
“Trata-se de um impasse no setor sucroalcooleiro brasileiro sobre para onde os investimentos devem ser direcionados: se para a ocupação de mais terras para o cultivo da cana-de-açúcar ou para a ampliação da produtividade nas terras já ocupadas, levando-se em conta o crescimento da demanda mundial. Diante disso, o artigo traça cenários para a produção de cana considerando a demanda projetada para 2024”, diz Fábio Marin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq.
O estudo avalia a trajetória de rendimentos do setor nas duas últimas décadas para determinar em que níveis eles devem ser acelerados de modo que se obtenha, em 2024, uma maior produção de cana sem a expansão da área de produção. Considerando essa série histórica de ganho de rendimento, o estudo avalia que o ritmo atual de crescimento não será suficiente para atender a demanda projetada sem uma expansão de área de 5% a 45% para cenários de baixa e alta demanda, respectivamente.
“O desafio é aumentar a produtividade da cana existente, dadas as preocupações sobre a conversão de novas áreas e a crescente demanda mundial por açúcar e etanol de cana. O rendimento médio nacional da produção nessas condições é de 62% do potencial – ou seja, há oportunidades de incremento de 38%”, diz Marin.
Para o pesquisador, “num cenário mais favorável, em que o setor atingisse uma produtividade de 80% do seu potencial, a demanda de cana em um futuro próximo seria plenamente atendida com uma possibilidade de redução de 18% na área de cana para o cenário de baixa demanda ou uma expansão de 13% para o cenário de alta demanda”. Ainda de acordo com Marin, tal cenário é possível, mas desafiador, exigindo uma grande aceleração na taxa de rendimento em comparação com a tendência histórica, o que seria difícil de ser conseguido sem esforços de financiamento concentrado.